terça-feira, 10 de março de 2009

NA ESTRADA PARA VER MAHARAJI, NA ÍNDIA E NO NEPAL.

Por Julian West, New Delhi
15 Março 2009 10:44

As estradas estão todas congestionadas, estamos a algumas milhas do centro de Nawada, no coração da rural Bihar. Os trailers, puxados por tratores, completamente lotados de homens e mulheres. Elas, vestidas com brilhantes sáris e com véus que cobrem suas cabeças. Eles, com seus turbantes brancos, rechonchudos, de típicos camponeses. Mini-vans, ônibus, caminhões e carros, todos eles estourando pelas costuras de passageiros, parecem formar um nó, bastante emaranhado, que vai crescendo à medida que mais veículos vão ali chegando.
Ao longe se vê um longo muro de lona e, mais longe ainda, uma grande tela LCD, turvada pela poeira e pela radiação que sobe do solo, provocada pelo calor. Os passageiros descem dos diversos tipos de veículos e vão se unir ao rio de gente que flui em direção a uma abertura existente naquele muro de lona: é a entrada.
Lá dentro uma grande multidão, que se estende até onde a vista pode alcançar, já está sentada. As pessoas, que ali foram chegando pela noite adentro, estão agora comprimidas, ombro contra ombro, corpo contra corpo, sobre cada metro quadrado de um imenso campo ainda não cultivado. Multidão na Índia pode ser grande, mas esta é enorme. Quase trezentas mil pessoas que se espremem ainda mais, conforme outras vão chegando. Todos estão de bom humor, rindo e conversando, esperando o programa. Ninguém se queixa.
De repente ouve-se um zumbido, ainda distante, de rotação de hélices. A multidão olha para cima: um helicóptero, com a sua fuselagem brilhando contra o sol, voando a baixa altitude. As pessoas se levantam para acenar, os olhos ofuscados por aquele brilho. Um urro de alegria sobe à medida que o helicóptero dá a volta sobre o campo e vai pousar atrás do palco. A música começa e o apresentador surge para dar as boas vindas para todos. A multidão sossega.
Iniciam os vídeos. Apesar da emoção, estão todos em silêncio.
Finalmente, recebido com estrondosos aplausos da multidão, Maharaji aparece no palco vestido com uma brilhante e branca kurtha. Ele também dá as boas vindas a todos, comenta sobre o tempo que está agradável e começa a falar.
“As pessoas rezam para Deus pedindo coisas que elas desejam: um filho, dinheiro ou um trabalho. As pessoas pedem as bênçãos de Deus para a satisfação de seus desejos. Mas agora mesmo Deus já te abençoou. A mão Dele está sobre a tua cabeça, pois a maior de todas as bênçãos é o ir e vir desta respiração, que te mantém vivo, sem fazeres esforço algum.”
Maharaji faz uso de exemplos que afinam muito bem com estes fazendeiros do interior. E a sua mensagem é simples e profunda: para ser preenchido, para descobrir este “diamante sem preço” na sua vida, encontre a paz dentro de você. Ele falou por cerca de uma hora a uma multidão extasiada. E de repente, não estava mais ali... Seguia no helicóptero em direção ao leste, para levar a sua mensagem ao longo da planície do Ganges, ainda mais dentro do coração da Índia rural. Durante toda a primavera e antes do puxado calor do verão indiano, Maharaji viajou através do norte da Índia e entrou na região do Himalaia, cobrindo mais de mil quilômetros, falando para quase um milhão de pessoas em oito diferentes lugares: da capital, Nova Delhi, até Ranchi, que fica no nordeste da Índia, e também em Katmandu, a capital do Nepal.
Algumas platéias eram gigantescas, como as de Nawada e Hardoi, no estado de Uttar Pradesh, onde cento e cinqüenta mil pessoas juntaram-se nos campos de trigo para escutá-lo. Outras eram menores, como em Mirzapur, que fica no sul de Varanasi, a conhecida cidade de peregrinação indiana, onde dez mil pessoas compareceram. Hoje em dia, como o próprio Maharaji diz, quando fala acerca de sua visão para o futuro, o que importa “não é se um evento é grande ou pequeno, mas que tenha sido feito com amor”.Por vários anos Maharaji disse que queria levar a sua mensagem para fora das cidades, para as aldeias onde vivem noventa por cento das populações asiáticas. Hoje, estas grandes e agradecidas platéias, que tem desfrutado de forma propriamente relaxada, são a prova do sucesso de sua visão. Ele brinca com as multidões que parecem apreciar o entendimento que Maharaji tem do modo de vida deles: a necessidade da chuva para molhar as plantações; dos políticos pedindo votos para as próximas eleições; do desejo de terem filhos. São pessoas simples e ele encoraja-os a serem simples.
Quando ele fala para públicos que já estão familiarizados com a sua mensagem, ele relaxa ainda mais e vai mais fundo, freqüentemente jogando com verdades estabelecidas ou com o que ele dissera anteriormente, mas de forma diferente. “Todo mundo sabe que existem gotas no oceano”, ele diz. “Mas quem é que sabe que o oceano existe numa gota? Quem é esta gota? É você! E o oceano? Está dentro de você”.
Algumas vezes ele oferece sábios conselhos: “Se você se disciplinar um pouco, tornará a sua vida mais simples. Acorde na hora certa, coma na hora certa, tenha um tempo para ir para dentro de você. Se você fizer assim, sua vida melhorará bastante. Então use o entendimento que você recebeu. Pratique um pouco de disciplina, para que a sua vida se torne preenchida”.
Sempre ele fala para as pessoas de forma direta. Para seus corações e suas vidas enquanto indivíduos. Compreendendo os seus problemas, espantando seus medos, oferecendo uma solução.